Aulas Filosofia

Profª Margarida Jansen Plano de Aula Ensino Médio

Filosofia

Cogito, ergo sum

Objetivos

1) Possibilitar uma aproximação com a máxima de René Descartes cogito, ergo sum (Penso, logo existo) ou, mais simplesmente, com o conceito de cogito.

2) Reconhecer a importância fundamental que esse conceito ganhou na teoria do conhecimento e, por extensão, na história da filosofia.

Ponto de partida

O primeiro passo é tornar-se familiarizado com a expressão cartesiana e com seu significado corrente. Para isso, vale uma consulta a um dicionário de filosofia ou a um dicionário da língua portuguesa, como o Dicionário Houaiss.

Num segundo momento, será importante a leitura do "Discurso do método", especialmente do livro 4. A edição da Escala Educacional, com tradução de Ciro Mioranza, de 2006, traz um suplemento de atividades elucidativo. Um texto sobre Descartes e sobre o cogito pode ser encontrado no texto Um personagem para demonstrar a autonomia do pensamento.

Estratégia

1) Discutir o que cada estudante entende pela expressão Cogito, ergo sum ou, mais simplesmente, cogito.

2) Comparar os sentidos que o senso comum atribui a essa expressão e contextualizar o conceito no cartesianismo e na história da filosofia.

3) Localizar e fazer a leitura do trecho do "Discurso do Método" (4) ou das "Meditações" (12, 6), em que o conceito do cogito aparece em seu contexto filosófico, como decorrência de um percurso do pensamento.

4) Comparar os sentidos que o senso comum atribui à expressão cogito, ergo sum com aquele que se depreende da leitura sistemática do texto cartesiano.

Atividade

Os alunos podem elaborar um pequeno folheto didático de filosofia, transcrevendo as informações de várias fontes sobre o significado do cogito, bem como transcrevendo os trechos principais em que esse termo ocorre na obra cartesiana. Os textos podem ser acompanhados de um pequeno comentário.

Caso outras atividades do mesmo gênero sejam realizadas, os folhetos respectivos podem ser aglutinados num pequeno compêndio de filosofia para iniciantes.


Profª Margarida Jansen Plano de Aula Ensino Médio

Filosofia

René Descartes

Descartes e o gênio maligno

Quando o filósofo francês René Descartes escreveu as suas "Meditações", em 1641, deparou-se com um problema técnico. Tinha que mostrar ao leitor, ou melhor, provar, a dificuldade que nós temos em confiar nas percepções dos sentidos para conhecer as coisas.

A percepção (o conhecimento que nos vem dos órgãos dos sentidos) é falha. Quando penso que alguma coisa é real, eu posso estar apenas sonhando, tendo uma visão, posso estar com febre ou mesmo estar mergulhado na loucura.

Mas mesmo assim, pensou Descartes, mesmo tendo alucinações ou sonhando, pode ser que eu considere que alguma coisa que percebo pela visão ou pelo tato ou pela audição ainda assim derive de algo real.

Foi aí que Descartes introduziu na sua obra uma idéia tentadora e interessante.

E se existisse um gênio maligno, uma entidade do mal, disposta a me enganar todo o tempo?

A conclusão do filósofo foi imediata. Mesmo que esse gênio usasse toda sua indústria para nos passar a perna e nos fazer pensar que o que existe não existe e vice-versa, mesmo assim alguma coisa de real nos restaria. E essa coisa - a descoberta fundamental de Descartes - é o cogito: nossa capacidade de pensar.

Ainda que eu estivesse redondamente enganado, ainda assim eu seria essa coisa que pensa, essa coisa muito real que imagina, que sonha, que vê e que se engana redondamente. Mesmo que tudo seja falso, a existência de algo que pensa, que duvida, que se engana, é verdadeira.

Sujeito e objeto

Descartes concluiu assim que aquilo que pensa (o sujeito) é alguma coisa diferente daquilo que é pensado (o objeto). O raciocínio de Descartes, ao mostrar a autonomia do pensamento, permitiu o desenvolvimento de toda a filosofia que lhe sucedeu. A filosofia cartesiana é chamada de racionalismo e essa separação entre sujeito e objeto do pensamento deu origem ao que chamamos de filosofia moderna.

Vamos ver agora como o próprio filósofo apresentou seu gênio maligno?

“Suporei, pois, que há não um verdadeiro Deus, que é a soberana fonte da verdade, mas certo gênio maligno, não menos ardiloso e enganador do que poderoso, que empregou toda a sua indústria em enganar-me. Pensarei que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons e todas as coisas exteriores que vemos são apenas ilusões e enganos de que ele se serve para surpreender minha credulidade. Considerar-me-ei a mim mesmo absolutamente desprovido de mãos, de olhos, de carne, de sangue, desprovido de quaisquer sentidos, mas dotado da falsa crença de ter todas essas coisas. Permanecerei obstinadamente apegado a esse pensamento; e se, por esse meio, não está em meu poder chegar ao conhecimento de qualquer verdade, ao menos está ao meu alcance suspender meu juízo. Eis por que cuidarei zelosamente de não receber em minha crença nenhuma falsidade, e prepararei tão bem meu espírito a todos os ardis desse grande enganador que, por poderoso e ardiloso que seja, nunca poderá impor-me algo.”

Profª Margarida Jansen Plano de Aula Ensino Médio

Filosofia

Sobre o sentido da vida

Objetivos

1) Discutir o sentido da vida e introduzir alguns conceitos heideggerianos como angústia, morte, ser próprio e ser impróprio;

2) Trabalhar as habilidades cognitivas de interpretação e formação de conceitos.

Atividades

1) O sentido da vida é um tema que cativa à atenção dos adolescentes por eles próprios estarem na busca de referências que os ajudem em seu processo identitário. Para facilitar a introdução do tema, sugerimos o trabalho com imagens ou músicas. Por exemplo, pode-se distribuir a letra de músicas aos alunos para que encontrem nelas o sentido que o autor atribui à existência.

A música Tocando em Frente,de Almir Sater e Renato Teixeira, pode servir de tema para discutir o sentido da vida e esta análise pode ser confrontada com o sentido (ou falta de sentido) contido na música Cotidiano de Chico Buarque.

Outra alternativa é escolher a definição de vida com a qual os alunos mais se identificam na música O que é, o que é? , de Gonzaguinha. Todas as letras podem ser obtidas no site Vagalume).

Em seguida, os alunos devem confrontar suas impressões pessoais com a dos colegas. O professor pode registrar as diferentes definições no quadro. Caso a discussão seja muito produtiva, o professor pode prolongá-la através de um plano de discussão com questões dirigidas à classe, tais como: a) Você acha que existe algum propósito na vida?

b) Viver faz realmente algum sentido?

c) O sentido de nossa vida é diferente do de outros seres vivos? Por quê?

d) Você acha que todas as pessoas se preocupam com o sentido de suas vidas? Você se preocupa?

e Você acha que existiriam boas razões para se buscar um sentido para vida? Quais?

2) Depois das etapas de motivação e discussão com os alunos, pode-se passar para a leitura do texto Filosofia da Existência, do Educação. Peça aos alunos para grifarem quais os conceitos mais importantes que aparecem no texto. Feito isso, deverão procurar no próprio texto definições para os conceitos. Esse trabalho pode ser feito em duplas e empregado para verificar a habilidade de formação de conceitos. A seguir, a sugestão é perguntar aos alunos como interpretaram o texto. Nesse momento, o professor pode retomar algumas idéias para ajudá-los na compreensão dos aspectos principais.

3) Como fechamento, pode-se confrontar as idéias do texto com as definições que foram registradas no quadro. O professor deve quetionar sobre o que o texto os fez pensar ou se eles mudaram a opinião que tinham sobre o sentido da vida antes e depois da discussão do tema em classe.


Cotidiano

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã
 
Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café
 
Todo dia eu só penso em poder parar
Meio dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão
 
Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão
 
Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor
 
Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Tocando em Frente

Ando devagar porque já tive pressa 
E levo esse sorriso porque já chorei demais 
Hoje me sinto mais forte, mais feliz quem sabe 
Só levo a certeza de que muito pouco eu sei
Ou nada sei 
 
Conhecer as manhas e as manhãs, 
O sabor das massas e das maçãs, 
É preciso amor pra poder pulsar, 
É preciso paz pra poder sorrir, 
É preciso a chuva para florir
 
Penso que cumprir a vida seja simplesmente 
Compreender a marcha e ir tocando em frente 
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando dias pela longa estrada eu vou
Estrada eu sou 
 
Conhecer as manhas e as manhãs, 
O sabor das massas e das maçãs, 
É preciso amor pra poder pulsar, 
É preciso paz pra poder sorrir, 
É preciso a chuva para florir
 
Todo mundo ama um dia todo mundo chora, 
Um dia a gente chega, no outro vai embora 
Cada um de nós compõe a sua história
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz 
E ser feliz 
 
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor pra poder pulsar,
É preciso paz pra poder sorrir, 
É preciso a chuva para florir
 
Ando devagar porque já tive pressa 
E levo esse sorriso porque já chorei demais 
Cada um de nós compõe a sua história, 
Cada ser em si carrega o dom de ser capaz
E ser feliz
 
Conhecer as manhas e as manhãs, 
O sabor das massas e das maçãs, 
É preciso amor pra poder pulsar, 
É preciso paz pra poder sorrir, 
É preciso a chuva para florir

O que é o que é

Eu fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
Viver e não ter a vergonha de ser feliz,
Cantar, e cantar, e cantar,
A beleza de ser um eterno aprendiz.
Ah, meu Deus! Eu sei
Que a vida devia ser bem melhor e será,
Mas isso não impede que eu repita:
É bonita, é bonita e é bonita!
E a vida? E a vida o que é, diga lá, meu irmão?
Ela é a batida de um coração?
Ela é uma doce ilusão?
Mas e a vida? Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é, meu irmão?
Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo,
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo,
Há quem fale que é um divino mistério profundo,
É o sopro do criador numa atitude repleta de amor.
Você diz que é luta e prazer,
Ele diz que a vida é viver,
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é, e o verbo é sofrer.
Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé,
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser,
Sempre desejada por mais que esteja errada,
Ninguém quer a morte, só saúde e sorte,
E a pergunta roda, e a cabeça agita.
Fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
É a vida! É bonita e é bonita!

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